domingo, 26 de agosto de 2012

Pretensões de Mourinho na Observação de Adversários



No início deste mês o jornal desportivo espanhol A Marca, publicou algumas caraterísticas dos relatórios de observação, que José Mourinho utiliza para estudar os seus adversários. O artigo desta semana, pretende revelar resumidamente e numa linguagem acessível, as mesmas caraterísticas do documento que desmascara os adversários do Real Madrid. Penso que será informação útil, tanto para os leitores apaixonados por esta modalidade, como para os treinadores que assiduamente acompanham o nosso jornal.

Para quem pensa que são relatórios extensos desengane-se! Mourinho reforça mesmo essa ideia ao referir: “pretendo uma informação curta, objetiva, de tal forma a que quando me chega essa informação sei o que tenho de trabalhar”. Mourinho considera mesmo, que a informação que provem do gabinete de scouting, é a base de todos os treinos realizados na preparação de um jogo. José Morais é o responsável pela realização destes mesmos relatórios, e tem o processo muito bem discriminado pelo líder da equipa técnica. A seguir apresento os seis pontos principais:

1.       O Estilo

Como joga e como se posiciona o adversário no terreno de jogo. Se joga largo, com mais posse de bola, a um toque, em diagonal, em apoios ou com um jogador específico que progride com a bola. Assim, pretende estar preparado para as situações em que o adversário pode surpreender.

2.       Intenções com posse de bola

Nos documentos informativos, Mourinho quer ver devidamente reforçado, se os rivais procuram o seu jogador com mais talento, se este sobe sempre para posições mais ofensivas, ou se ele gosta de jogar mais atrás em zonas de segurança. Sobretudo, o técnico português quer saber qual é o objetivo do adversário quando tem a posse da bola, movimentos e estilo de jogo que predomina.

3.       Características individuais do adversário

Há que saber absolutamente tudo sobre o adversário! Para além dos jogadores mais talentosos, o treinador do Real Madrid quer estar informado acerca dos jogadores que mais inviabilizam o ataque, na hora de defender. Quer saber também quantos jogadores talentosos tem, quem são os mais rápidos, os melhores nas bolas paradas e as estratégias inerentes às diferentes situações referidas.

4.       Mobilidade em jogo

Mourinho gosta de ter conhecimento se os jogadores mais talentosos têm muita ou pouca mobilidade, por onde se movimentam. Se existem defesas que sobem até ao meio campo para criar superioridade, e se existem, onde é que essa superioridade é criada, no corredor central ou nas alas.

5.       A distribuição pelo terreno de jogo

Quer ver estudado se a equipa rival é equilibrada, se quando atacam perdem posição, ou se por outro lado, quando sobem não perdem a organização. Quer saber quantos jogadores atacam e quantos jogadores defendem predominantemente, e a estratégia utilizada nestes momentos.

6.       A pressão ao portador da bola

Mourinho gosta de saber como se comporta defensivamente o rival, como pressiona e o como atuam os seus atacantes no momento de perca de bola, pressionam ou ficam parados? Se pressionam com as linhas juntas e onde começa essa pressão; como se organizam defensivamente e qual a estratégia utilizada.

Mourinho analisa cuidadosamente estas informações, pois dificilmente tem dados concretos acerca dos comportamentos do adversário, quando enfrenta uma equipa como o Real Madrid. Analisa o adversário contra outras equipas e tenta prever como se vai comportar contra o Real. O técnico português refere mesmo “Podemos ver muitas partidas do rival, mas não contra o Real. A chave é saber como podem jogar contra nós… Existem muitas probabilidades numa partida, podem-se passar muitos imprevistos, mas com este estudo reduzimos as probabilidades de surpresa”.

Note o leitor, que estes pontos-chave que acabei de referir, estão resumidos e simplificados. No entanto, estarei certo que não andarão muito longe, daquelas que são as pretensões de análise de adversário, do melhor treinador do mundo!

REMATE DA SEMANA: É melhor estar preparado para uma oportunidade e não tê-la, do que ter uma oportunidade e não estar preparado. (Whitney M. Young)

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 21.08.2012

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